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  • Foto do escritorDra. Danielle de Gois

Alimentação – Auxiliar você a ampliar sua familiaridade consigo

Muito se diz sobre a complexidade humana, paralelamente, somos estimulados socialmente a estabelecer lógicas racionais para pensarmos sobre nossos modos de vida e como nos relacionamos a partir de binaridades, por exemplo, certo ou errado, verdade ou mentira, bom ou ruim, etc.


Todos nós escutamos e contactamos com notícias sobre alimentos e hábitos que são definidos como bons ou ruins de forma genérica a toda a população. Mesmo conscientes dessas definições muitos se sentem perdidos em como fazer suas escolhas, como gerir a sua vida e alcançar/manter saúde, autonomia e bem-estar.


A reflexão de hoje expõe um pouco de como na Equilíbrio & Harmonia Clínica Psicológica, nossa equipa se dedica a acompanhar as relações envolvendo alimentação e afetos combinados ao seu modo de vida.


A perspetiva que fundamenta nossas práticas clínicas psicológicas está apoiada no Humanismo (Terceira Força da Psicologia), especificamente, na Fenomenologia Existencial que concebe a valorização incondicional do ser humano, na promoção de sua saúde física, mental e emocional, além disso, acrescentando a valorização do humano priorizamos a tematização das questões existenciais.


Nosso trabalho atua rompendo, por exemplo, com a exclusividade de pensarmos em nossos hábitos/comportamentos/modos de estar e sentir como bons ou ruins, distinguindo nossas observações clínicas ao priorizar atenção e cuidado quanto aos modos como cada paciente lida com seus comportamentos e hábitos. Mantemos em destaque cuidados psicológicos sintonizados as necessidades, estilo de vida, condições sociais e físicas de cada ser humano.


Nossa reflexão atenta e cuidadosa considera muito além de binaridades, por exemplo, certo e errado, bom ou ruim, etc. A ingestão de alimentos e bebidas alcoólicas são ações que mostram como lidamos com nosso cuidado. Não se trata apenas da ingestão de calorias, há um transportar para a coisa (alimento ou bebida) de um sentido único e significativo que precisa ser cuidado, para assim poder ser modificado.


Além de satisfazer um corpo físico, encontramos nas relações que estabelecemos com os alimentos tentativas nossas de recompensas e de nos sentirmos confortáveis e amparados. Entre os humanos a dinâmica alimentos e nutrição vai muito além de uma ação na procura de satisfação nutricional.

Acresce-se à procura por alimento a ânsia para que nosso alimentar possa condizer ou não aos hábitos priorizados nos nossos grupos sociais, nas relações de importância e familiaridades que a ação de nos alimentar podem nos assegurar.


A possibilidade de nos sentirmos felizes ou entristecidos altera a nossa condição de abertura para experimentar alimentos e experiências. Isto quer dizer que podemos ingerir alimentos e bebidas a partir da nossa condição de humor, deixando de lado o fator nutricional, inclusive se é de fome que se trata.


A vontade a ser saciada ultrapassa estímulos orgânicos e transforma-se numa necessidade afetiva de se sentir preenchido, relaxado, distante dos confrontos constantes com as solicitações do mundo da vida.


As compensações/compulsões alimentares nos lembram que não se trata apenas de comer. O saborear desfaz-se em pressa, no remoer de palavras e na dificuldade de lidar com experiências difíceis de serem engolidas, quando na verdade não precisam ser guardadas em nós como alimentos que mais tarde poderão ou não ser digeridos.


Comer só por comer, distraídos do que introduzimos alcança uma posição de indeterminação que já não sabe a nada, já não cheira e não nos convida a fazer memória. Comermos distraídos dos motivos pelos quais escolhemos ou priorizamos alguns alimentos são formas de nos mantermos ocupados de indeterminações que em algum momento de nossas histórias podem até nos ter feito acreditar que estávamos a ser recompensados e preenchidos, contudo mais cedo do que imaginamos estas escolhas alimentares distraídas acabam por nos sentenciar à dependência por repetição de alguns instantes de familiaridade seguidos da vivência de incertezas.


Cuide de si, cuide de sua alimentação tanto quanto dos seus afetos.

Não deixamos de nos desenvolver, mesmo adultos, estamos enfrentando mudanças e os cuidados psicológicos estão disponíveis para nos auxiliar a nos desenvolver e ampliar nossa familiaridade connosco.




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