Como conviver com pensamentos e comportamentos que nos deixam em alerta e em tensão constantemente, que mais parecem filmes de suspense e intermináveis?
A sensação de ameaça que caracteriza os traços patológicos de ansiedade não são apenas para nos preparar para um perigo, podem ser o próprio perigo para sua saúde física e psicológica, por exemplo: medo de perder o emprego, medo que a relação não resulte ou que não consiga aquela relação que tanto sonhei, medo de ser boa mãe, etc. (preocupações que reincidem diariamente e que de algum modo fazem com que as suas expectativas não se concretizem).
Bem comer e ansiedades trazem-nos uma reflexão para os modos como existimos ao nos alimentar e como a ansiedade atravessa estes modos. As repetições não são apenas de pensamento, incluem ingestões sucessivas de alimentos que nos confortam e preenchem os nossos vazios, ou seja as preocupações que nos acompanham e que não resolvemos, ou a aversão de alguns alimentos importantes no equilíbrio de nossa saúde, como se isso mostrasse que ainda temos algum controle sobre nós e a vida.
Questionar quanto a coerência ou incoerência da associação de comportamentos e sentimentos que levam uma pessoa a agir não são o suficiente para apoiá-la a romper com estes ciclos repetitivos de sofrimento e limitação ao seu modo de estar no mundo.
O desconforto vivenciado por uma pessoa que vivencia episódio de ansiedade é concreto e nocivo. Nos cuidados psicológicos por nós oferecido o cuidado diante desta pessoa precisa ser compreendido a partir do viver desta pessoa. A relação da pessoa consigo é extensível para a relação dela com sua alimentação, sua coerência entre estilo de vida e padrão alimentar. A perda de controle que, por vezes, ameaça a pessoa em experiência e ansiedade pode ser desviada para o descontrole com que ingere alimentos e quanto a isso podemos orientar ao resgate de apropriação do seu relacionar consigo condizente com sua vida, seu ritmo, seus projetos.
Precisamos desmistificar que compreender o fenómeno da ansiedade relacionando-o com o descontrole alimentar não quer dizer passividade, uma espécie de conformação, mas sim princípio de reagir no sentido da resolução. Compreender como existimos passa por nos religar com nosso corpo, nosso sentir e, assim, construir nosso ritmo de correspondência. Somente quando nos apropriamos do nosso ritmo construímos outros modos de lidar com nossas fragilidades sem que isso signifique antecipar uma resposta pronta e esvaziada de sentido.
Cuidado psicológicos auxiliam na construção de posturas frente as indeterminações sem que isso signifique ampliação de sofrimentos desnecessários.
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