O que comemos, como comemos, como nos nutrimos de memórias ao recordar de uma iguaria, o modo de preparo, quem nos alimentava de afeto, de nutrientes ou de mimos. Comer carrega oportunidades para compreendermos como estamos no mundo. A intimidade que estabelecemos com o alimento demonstra-se um modo de expressão social de nossas semelhanças com os pares e com o nosso estilo de vida. O que não quer dizer que seja suficiente mensurar gramas ou calorias para conhecer e identificar. Entretanto, ao acompanhar socialmente e psicologicamente o inaugurar de novas formas de relacionamentos salta a atenção não apenas e isoladamente alimentos e hábitos, e sim como nos tornamos adoecidos. Acentuadamente, parecemos confusos ou nutridos de expectativas distorcidas quanto ao compreender de nosso desenvolvimento pessoal e isto pode nos dizer como nos expressamos com intolerâncias, alergias, aversões não apenas de ingredientes e alimentos, mas, inclusive de sentimentos e de pessoas. Um exemplo, entre inúmeros seria o quão interessante é, não positivamente, observar como continuamos nos prendendo e refugiados aos estigmas de beleza e juventude. Comprometemos nossa saúde e as possibilidades de bem viver as relações, ao restringimo-nos a longevidade como se ela significasse tempo ilimitado, possibilidades ilimitadas. Pressionados (as) e aspirando que nos sejam ofertadas medidas e modelos distantes de nós, ampliamos possibilidades de anulação, inércia, insegurança. De maneira direta, não contamos com possibilidades infinitas ou com medidas universais, somos mortais, adoecemos e envelhecemos. No comer e no habitar repousam meios de gozarmos em vida de tudo que nos envolve e na prática isso é muito e o bastante para nos render satisfação, prazer e sorriso leve, daquele sorriso que nem percebemos que ilumina nossa face. Refletir e agir são movimentos que psicologicamente podem nos convocar e contagiar. Esses movimentos são inclusive tarefas diariamente necessárias, as quais nos ampliam energia, coragem, nos sintonizam com o mundo, nos tornam interessantes, apaixonados (as) pelo que fazemos e pelo lugar que queremos habitar.
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