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Foto do escritorDr. João Caldeira

Ansiedade desvia-nos de bem amar

Os diferentes tipos de ansiedade conhecidos cientificamente e socialmente vão além de teorias universais e tipologias comportamentais. Os traços de ansiedade comummente conhecidos são:


· excesso de preocupações;

· tentativas constantes e frustradas de controlar pensamentos repetitivos, imagens ou atitudes;

· sensação que a qualquer momento algo ruim irá acontecer;

· medos exagerados relacionados a situações específicas ou não.


Chamamos atenção que eles não são o suficiente para um diagnóstico, o mesmo deve ser realizado por um profissional capacitado. Ao mesmo tempo, ressaltamos traços como os citados não são alheios aos modos de existir de cada um de nós. Uma vez que a pessoa foi diagnosticada com ansiedade patológica, o modo como vivencia suas experiências de ansiedade precisa ser cuidada a partir do ser único que cada um de nós é, caso contrário corre-se o risco da pessoa com todas as suas possibilidades e potencialidades desaparecer atrás de sintomas.

Os sintomas podem ser caminhos que nos levam a conhecer nosso estado, contudo mais do que conhecer precisamos estar atentos a modos de nos cuidar e de construir estratégias para responder a eventos ansiosos e que parecem antecipar sensação de morte, medo de sermos abandonados ou problemas inultrapassáveis.

Bem amar considerando as ansiedades envolve nos preparar a partir de nossas histórias de vida, entendendo-as como contextualizações irrepetíveis e que facilmente são ameaçadas por generalizações, por exemplo, aperto no peito como sinónimo de algum ressentimento. Preparar-nos para o melhor não se trata de uma atitude ingénua, e sim implicada de admitirmos aos nossos projetos de vida, nossa não conformação de que crenças sobre romantismo ou modelos de amor eterno sejam únicas respostas a como eu me relaciono comigo e como nos relacionamos uns com os outros.

Quando não confiamos estamos nos desligando do mundo e, assim, ampliamos sensação de vulnerabilidade, como se a qualquer momento possamos ser surpreendidos por dúvidas, cobranças e temores que dificultam um reconhecimento de quais são nossos sentimentos, quais sentidos envolvem ou não nossas ações.

Não podemos deixar de referir que nosso anseio por controle poderia ser entendido como uma apropriação de nossa vida, entretanto, na medida em que nos cercamos apenas por tentativas de explicação e formulação de teorias universais sobre o que deve ser feito, neste instante, afastamo-nos da nossa posição de seres humanos que se encontram existindo conjuntamente com outros.

Bem amar a partir de cuidados psicológicos que priorizam nosso existir é uma oportunidade de compreender as repetições, as sistematizações e as insatisfações frente à vida, como um modo de lidarmos connosco cooperando para construir nosso equilíbrio. Acompanhamos você em seu processo de se conhecer, resignificar e construir outros modos de existir.



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