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Foto do escritorDra. Danielle de Gois

Bem-estar: ansiedade desvia-nos de possibilidades de existir

Todos os dias ouvimos falar sobre bem-estar e até faz parecer fácil e nos tempos atuais tendemos a acreditar que bem-estar é um produto pronto a ser consumido/adquirido. A facilidade com que relacionamos bem-estar a um produto esbarra no obstáculo da ansiedade (sabemos que não é o único), mas nossa reflexão de hoje para os cuidados diários remete para bem-estar e ansiedade patológica. Especificamente, ressaltamos que ansiedade desvia-nos de bem-estar, uma vez que nos desvia de nossas possibilidades de existir em plenitude.

Bem-estar está longe de ser uma coisa, e está muito próxima de equilibrarmos e harmonizarmos como vivemos, nossos projetos e admitir que não estamos sozinhos/as. Bem-estar vai além de uma noção tradicional e ultrapassada de saúde como ausência de doença. No bem-estar que nos preocupamos em cultivar como modo de estar e de orientar nossos pacientes a viver, as emoções são protagonistas tanto quanto os pensamentos e as ações. Precisamos despertar que no fluir das emoções expandimos nossa consciência sobre nossas fragilidades e desafios, e aprimoramos inteligência emocional essencial para vivermos bem connosco e em nossas relações (laborais, pessoais etc.).

Quando experimentamos ansiedade somos desviados, contidos em nosso fluir. Desviados para uma procura incessante por uma euforia confundida por bem-estar ou felicidade, como se estarmos bem significasse sorrir sempre e não ser atingido pelas contingências inerentes a estarmos no mundo aqui e agora. Na procura por euforia, ao invés de apreciarmos o fluir das emoções, descuidamo-nos e tornamo-nos receosos em permitir sermos cuidados. Cuidado, em nossa clínica, na postura que cultivamos significa: pausar, se observar, aprender a dizer não, se permitir errar, proteger-se, confiar e ser gentil consigo. Não podemos esquecer que cada história de vida é única e só você sabe os eventos em que negou e nos quais lhe foi negado cuidado.

Nossa atenção é sua, nossa escuta é sua, nosso cuidado é seu, porque compreender os caminhos pelos quais você vem passando são essenciais para orienta-lo/a a responder coerentemente aos desvios suscitados pela ansiedade.



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